Entenda os tipos, usos e boas práticas de cookies no desenvolvimento de sites e aplicações
Quando falamos sobre experiência de navegação na web, poucas tecnologias são tão comuns — e tão estratégicas — quanto os cookies. Embora pequenos em tamanho, eles desempenham um papel fundamental no armazenamento de preferências, rastreamento de sessões, personalização de conteúdo e, principalmente, no cumprimento de legislações como a LGPD e o GDPR.
Por isso, neste artigo, você vai entender:
- O que são cookies e como funcionam na prática;
- Quais são os tipos mais comuns utilizados por sites e sistemas;
- De que forma os navegadores lidam com cookies atualmente;
- E quais são as boas práticas técnicas e legais para utilizá-los com responsabilidade e segurança.
O que são?
Cookies são pequenos arquivos de texto armazenados no dispositivo do usuário por sites ou aplicações web. Eles contêm dados como ID de sessão, idioma preferido, informações de login ou até mesmo o comportamento de navegação. Como consequência, permitem que os sites ofereçam uma experiência mais personalizada.
Tecnicamente, o servidor envia o cookie por meio do cabeçalho HTTP (Set-Cookie
). Em seguida, nas requisições subsequentes, o navegador os reenviará automaticamente. Assim, é possível manter o estado da sessão entre páginas diferentes, o que torna a navegação mais fluida.
Entretanto, apesar da utilidade, o uso indiscriminado de cookies pode comprometer a privacidade do usuário. Por esse motivo, adotá-los com responsabilidade e transparência é cada vez mais importante.
Quais são os principais tipos?
Os cookies podem ser agrupados de diversas formas. Ainda assim, as classificações mais comuns se baseiam em duração, finalidade e origem. Conhecer essas categorias é essencial para qualquer profissional que atua com tecnologia, marketing ou segurança da informação.
1. De sessão (session cookies)
São temporários e desaparecem assim que o usuário fecha o navegador.
✅ Utilizados para manter login ou carrinhos de compra ativos
⚠️ Perdem os dados se a aba for fechada
2. Persistentes
Permanecem no navegador por um período determinado, mesmo após o fechamento.
✅ Servem para lembrar preferências e histórico de navegação
⚠️ Precisam de consentimento e política de expiração clara
3. Primários (first-party)
São definidos pelo próprio domínio acessado.
✅ Mais seguros e úteis para personalizar a experiência
⚠️ Podem ser ignorados em contextos de privacidade mais restrita
4. De terceiros (third-party)
Vêm de domínios diferentes, geralmente por widgets, anúncios ou scripts externos.
✅ Muito usados em campanhas de marketing e remarketing
⚠️ São os mais bloqueados por navegadores e regulações de privacidade
5. Essenciais
Viabilizam o funcionamento básico do site, como login, segurança ou seleção de idioma.
✅ Não requerem consentimento prévio
⚠️ Precisam ser descritos na política, mesmo sendo obrigatórios
6. De desempenho, análise e marketing
Coletam dados sobre comportamento e engajamento.
✅ Fundamentais para analytics, testes A/B e personalização
⚠️ Exigem consentimento explícito e gestão transparente
Como você pode perceber, cada tipo exige tratamento técnico e jurídico específico, o que reforça a importância de sua classificação correta.
Como os navegadores lidam com cookies atualmente?
Nos últimos anos, navegadores como Safari, Firefox e Chrome vêm adotando políticas mais restritivas para proteger a privacidade do usuário. Como resultado, o comportamento dos cookies — principalmente os de terceiros — mudou drasticamente.
Além disso:
- A ausência do atributo
SameSite
pode impedir o envio de cookies em contextos cross-site; - O atributo
Secure
se tornou obrigatório para transmissão via HTTPS; - Cookies não essenciais precisam do consentimento do usuário antes de serem ativados.
Por consequência, desenvolvedores e profissionais de marketing precisam adaptar suas estratégias, seja para manter funcionalidades críticas, seja para garantir conformidade legal.
Boas práticas técnicas para implementação
Ao desenvolver aplicações que utilizam cookies, é crucial seguir boas práticas tanto do ponto de vista técnico quanto jurídico. Isso não apenas melhora a experiência do usuário, mas também reforça a credibilidade do seu produto ou serviço.
Segurança:
- Use o atributo
Secure
para garantir que os cookies só circulem em conexões HTTPS; - Adicione
HttpOnly
para impedir acessos via JavaScript (evitando ataques XSS); - Aplique
SameSite=Strict
ouLax
, limitando envio cross-site de maneira segura; - Sempre que possível, criptografe os valores armazenados nos cookies.
Conformidade:
- Mostre um banner de consentimento visível e funcional logo na primeira visita;
- Ofereça controle granular para que o usuário escolha quais categorias deseja autorizar;
- Armazene logs de consentimento como prova de conformidade (LGPD/GDPR);
- Atualize sua política de cookies regularmente e use linguagem clara e acessível.
Experiência do usuário:
- Evite armazenar dados desnecessários ou sensíveis diretamente nos cookies;
- Mantenha a estrutura leve para não comprometer a performance da aplicação;
- Respeite preferências como o modo de navegação anônima ou o cabeçalho “Do Not Track”.
Assim, você equilibra performance, legalidade e usabilidade, promovendo confiança e valor para seu produto digital.
Cookies e LGPD: o que muda na prática?
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece que cookies podem ser considerados dados pessoais caso permitam a identificação direta ou indireta do usuário. Por isso, as empresas devem:
- Solicitar consentimento informado antes de ativar cookies não essenciais;
- Informar finalidade, duração e acesso por terceiros;
- Garantir que o usuário consiga revogar o consentimento a qualquer momento;
- Incluir políticas e ferramentas de controle compatíveis com a lei.
Consequentemente, não basta apenas avisar que o site usa cookies — é necessário demonstrar transparência, controle e rastreabilidade, respeitando os direitos do titular dos dados.
Conclusão: cookies exigem atenção técnica e responsabilidade legal
Mesmo sendo pequenos arquivos, os cookies representam um grande impacto na jornada digital dos usuários. Quando bem implementados, melhoram a usabilidade, fortalecem estratégias de marketing e tornam a navegação mais eficiente. No entanto, seu uso inadequado pode gerar desconfiança, penalidades legais e prejuízos à imagem da empresa.
Portanto, adotar cookies com clareza, segurança e consentimento é mais do que uma tendência — é uma exigência técnica, legal e ética. Se você atua com desenvolvimento, produto ou marketing, este é o momento certo para revisar sua implementação e garantir que sua aplicação esteja preparada para a nova era da privacidade digital.